quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Parabéns, eu.

Foto: We Heart It


Hoje, daremos adeus ao verão no Hemisfério Sul. A previsão do tempo é de sol, com pancadas de chuva à tarde (se você estiver em Recife). Ocorrerá a transição da Lua Cheia para Quarto Minguante. E caso você decida comer um peixe fresquinho, a perspectiva para a pesca é péssima o dia todo, segundo dados da Marpêche. 

Há alguns anos atrás, nesta mesma data, tinha início a Vigência do Cruzado e nascia Linus Pauling. Hoje, também se comemora o Dia Internacional das Doenças Raras. Isso não quer dizer que eu tenha nascido na época da Vigência do Cruzado ou que seja parente do Linus. E calma, não possuo nenhuma doença rara. 

Digitei no Google "28 de fevereiro" e esses foram os resultados. Depois, digitei a data seguida do ano: apareceram decretos e leis provisórias. Como não estou disposta a passar um tempo lendo textos de direito, resolvi encerrar a minha pesquisa. 

Um dia comum pra todas as outras pessoas que não colocam mais uma vela no bolo, não possui uma doença rara, não colecionam Cruzeiros e muito menos vão pescar. Todos irão trabalhar e depois chegar ao lar tarde e cansados, pegar trânsito, ter um ou dois estresses e tomar um café (ou cerveja, ou coca-cola talvez).

Eu, que sou uma dessas pessoas que choravam como loucas na maternidade no dia vinte e oito, vou fazer o mesmo que essas outras pessoas. A única diferença, é que vou ganhar uns presentinhos, uns "parabéns" ou "feliz aniversário", uns abraços dos amigos queridos, e mais um ano de idade.  

MAIS UM ANO DE IDADE... 

Bom ou ruim? BOM! ÓTIMO! A cada ano que passa, só tenho melhorado aparentemente (não que seja linda), filosoficamente, amadurecidamente, emocionalmente, equilibradamente e todos os "entes" que sejam bons de falar em aniversários. 

Odeio nostalgias e fico tímida com felicitações, mas, no fundo, bem lá no fundinho, até que é bom você saber que conseguiu passar mais um ano nesse mundão maravilhoso (não tão maravilhoso assim). E saber que ainda tem muitos outros vinte e oito’s de fevereiros para responder aquela velha pergunta: 

- Ah, tu só faz aniversário de quatro em quatro anos? 
- Não, isso é quem nasce no dia vinte e nove... 


sábado, 16 de fevereiro de 2013

Blue Moon

Liguei o toca discos. Na agulha, The Marcels soava aos meus ouvidos Blue Moon. A janela aberta com a brisa acariciando o meu rosto me fez balancear pela sala escura. O reflexo da lua sobre a taça de vinho, o silêncio da madrugada, e o frio, que sempre me serviu de inspiração para os escritos. 

A velha máquina de escrever doada pela minha bisavó e passada de geração a geração chegou a minhas mãos ano passado. Ela me dava à sensação de satisfação e prazer por escrever. Não sei se pelo barulho das teclas ou apenas por visualizar o texto sendo produzido e criando vida no papel. Nunca a trocara por nenhum computador, apesar de ter que redigitar todo o texto depois de pronto. O trabalho era árduo, mas recompensado. 

A lanterninha de cabeceira, posta bem ao lado da máquina, iluminava apenas as letras que eu ia lapidando até as transformar em frases, parágrafos e capítulos. A cadeira, com um acolchoado confortável, era apropriada para mim, que passava horas e horas rascunhando, fazendo bolinhas de papel e jogando-as no lixo até conseguir um texto que considerasse pelo menos digno de uma revisão. Sentei-me ali, e comecei o meu trabalho: Escrever.

Há quem julgue ser um trabalho simples, sem maiores complicações. Só quem escreve de fato, sabe como é difícil fazer uma ideia ser expressa de forma clara e objetiva para o leitor.

O escritor é um verdadeiro malabarista das palavras. O malabarista tem que usar de artifícios para que seu espetáculo não saia de cena. Da mesma forma, o escritor não pode deixar que seu texto perca o sentido de existir. 

Ali, meus pensamentos viajaram. Quando dei por mim, minhas mãos trabalhavam na intensidade da ideia que pretendia expor. A inspiração e o barulho das teclas foram me encorajando.  Já era manhã, o sol despertava a cidade adormecida. Os raios já iluminavam as janelas do quarto.

Caminhei até a cozinha, fiz um café esperto, sentei-me na varanda e me deixei invadir pela cafeína. Uma ducha, uma torrada velha e um gosto de creme dental. Peguei o texto da madrugada passada e o levei para a redação.

 À noite, após mais um dia de trabalho no jornal, a máquina de escrever da minha bisavó me esperaria junto com o velho blues e aquela taça de vinho para mais uma noite de espetáculo junto á lua e o silêncio.